Aqui descrevemos um “esboço” para esclarecer os principais rituais realizados no Axexê, que pode variar conforme os fundamentos de cada casa, ou nação.
Porém, mesmo variando de nação, esse ritual, é o que mais se assemelha entre si, contudo, cada nação terá seus princípios e valores que serão exaltados durante o axexê.
Por isso, deve-se sempre seguir aquilo que nos foi passado pelos nossos Babalorixás ou Iyalorixás. Mas basicamente este ritual resume-se no texto a seguir.
Começamos por etapas a falar desta cerimônia:
1 – Fase preparatória
Desde que o falecimento de um Adosù do “terreiro” é conhecido, procede-se a levantar um pequeno recinto provisório, coberto de folhas de palmeira, junto ao Ilé-Igbó-Ikú, ou o chamdo Balé. Que é uma casa de culto aos ancestrais daquela comunidade, que fica afastada das demais.
A iyalaxé, secundada por outra sacerdotisa, procede ao ritual dos “assentos” individual pertencentes ao falecido (a) , assim como todos seus objetos sagrados e tudo é depositado no chão, no recinto provisório, distantes dos Ilé Orixás. As quartinhas (Do defunto)que continham água, são esvaziadas e emborcadas.
2 – O Axexê _ Os cinco primeiros dias:
O ritual do axexê dura de acordo com o grau hierárquico que o Adosù possuía. Ou seja, pode durar Um (1), três (3) ou sete (7) dias. Dependendo de quanto tempo de iniciação o APARAKÁ (defunto) possuía. No caso de um sacerdote ou sacerdotisa, dura sete dias, repetindo-se no 1° mês, no 3° e 6° mês; No 1°, 3° e 7° ano, que é o tempo que o Egum leva, para desprender-se totalmente de suas raízes no Ayê.
Durante os primeiros cinco dias (5), o ritual procede seguindo exatamente esta sequência:
A – Todos os membros do Egbé, rigorosamente vestidos de branco, reúnem-se, no barracão, ao pôr-do-sol, para celebrar o padê, tal qual descreveremos. No início, o espírito do morto é evocado junto com Exú e todas as entidades.
B – Terminado de cantar o Padê, o egbé (axé) coloca-se em volta da cuia vazia, que ocupa o centro da sala, deixando sempre uma passagem de saída para o exterior. Neste momento, um dos sacerdotes, encarregados do ritual que se vai desenrolar, no Ilé-Ikú e no recinto exterior onde estão os pertences do falecido, traz uma vela, colocando-a ao lado da cuia e ascende.
C - Todos os que estão presentes, enrolam suas cabeças com torços brancos e com um Ojá branco cobrindo-lhes cuidadosamente o corpo.
No momento em que se ascende a vela, supõe que o espírito do morto se encontre na sala representado pela cuia.
Um longo rito vai desenrolar-se, começando pela Iyalorixá responsável, ou pela Iyá Kekerê, seguido em ordem Hierárquica por cada uma das sacerdotisas de graus mais elevados, e finalmente por um grupo de dois a dois, de cada uma das noviças.
Cada uma saúda o exterior, a cuia, os presentes, e dança na volta da cuia, passando por seu corpo e cabeça, uma moeda, delegando sua própria pessoa ao morto, com cantigas apropriadas ao mesmo tempo despede-se do morto.
A primeira cantiga reverenciada pela Iyalorixá, é uma reverência a todos os axexê que, como dissemos, são os primeiros ancestrais da criação, o começo e a origem do universo, de uma linguagem, uma linhagem, de uma família, de um terreiro. A venerável morta, a adosùn, que merece essa cerimônia e seu objeto, converter-se-á também num axexê.
2 Axexê oh! Axexê; Axexê eu venero e saúdo os mais antigos, oh!
Axexê oh! Axexê.
3 Axexê, a escrava (o) saúda os mais antigos, oh! Axexê,oh! Axexê!
Segunda cantiga:
Bibi Bibi ló bi wá, Odè Arolè ló .
Tradução: Nascimento do nascimento que nos trouxe Odé Arolé, (Oxossi) nos trouxe ao mundo.
Saudamos particularmente Oxossi, neste momento, pois este é o ancestre mítico fundador do Ajejé (vigília do caçador), como já foi mencionado anteriormente, e, consequentemente, fundador do axexê dos filhos do “terreiro”.
Todos os presentes são obrigados a despedir-se do morto e delegar-se dele por meio das moedas que depositam na Cuia-Emissária.
D – Quando todos os presentes prestaram suas homenagens e despediram-se do morto, formam uma roda em torno do egbé e os parentes do morto (irmãos de santo) entoam, entre outras, a cantiga:
Ò tó Rù egbé ma sokún Omo ò tó
Rù egbé ma sokúm Omo egum ko gbe eyin o!
Ekikan ejare àgbà Orixá gbe ni másè ekikan esin enia niyi r’òrun
Tradução:
Ele alcançou o tempo (de converter-se) no érù egbé (o carrego que representa o egbé).
Não chore,filho. Oficiante do rito, não chore!
Alcançou o tempo (de converter-se) no carrego (no representante) do egbé.
Não chore, filho. Que egum nos proteja a todos!
Proclamai o que é justo. Que àgbà Orixá nos proteja a todos!
Proclamai (que) foi enterrado um dos seus, que foi para o Orun.
(isto quer dizer, falai alto, com justa razão, porque enterraram alguém venerável, que foi para o orun).
A roda se desfaz e cada um volta para seu lugar.
E – Algumas adosù (adoxus) trazem comidas especialmente preparadas para essas ocasiões e depositam ao lado da cuia, junto com um obi.
F – Os sacerdotes vêm e levantam ritualmente a cuia com as moedas, apagam a vela e transportam tudo, também o obi e as comidas, para o recinto exterior, onde tudo é colocado junto com os objetos que pertencem ao morto.
G - Os membros do egbé na sala descobrem suas cabeças e amarram o pano branco por de baixo dos braços e formam uma segunda roda, saudando e homenageando os orixás. Acaba essa parte da cerimônia, eles se cobrem novamente e cantam uma única cantiga de adeus ao morto.
3 – Axexê – Sexto e sétimo dia:
O ritual do sexto e sétimo dia é o ponto culminante do ciclo. No crepúsculo, canta-se o Padê e continuam-se como nos dias precedentes até a fase. Seguem-se os seguintes ritos:
**Sexto dia:
A – Ao pé das comidas, do obi e da cuia, colocam-se os bichos que serão oferecidos de acordo com o axé do morto.
B – Um sacerdote vem do exterior e coloca no punho esquerdo, de todos os assistentes, pequenas tiras de mariwó. É isso que os identifica como filhos do terreiro e os protege. (podem ser colocados ,para substituição do mariwó, “contra-eguns” feito de palha da costa).
C – Os membros do egbé retomam seus lugares e esperam, em silêncio absoluto, o termino do rito que se desenrola no Ilê-Ibó-Ikú.
D – Nesse meio tempo, os sacerdotes preparam o chamado final do morto. Trazem tudo, “assentos”, objetos pertencentes ao morto, cuia, obi, comidas, e animais para o Ilê-Ibó-Iku.
Traçam, no solo de barro, um pequeno círculo com areia, e por cima um círculo com as três cores símbolos, é um Ojúbo provisório, em que se invocará o morto.
No meio dele, parte-se o obi, e com seus seguimentos, consulta-se o oráculo sobre a destinação de cada objeto pertencente ao morto, bem como seus assentos. Se tratando de uma sacerdotisa de grau elevado, ou até mesmo o Babalorixá do terreiro, às vezes acontece que o assento de seu orixá permaneça no terreiro para ser adorado, com a condição de que o morto, consultado, esteja de acordo.
O resto ,que o morto não deixa para ninguém, é posto em volta do círculo assim como as três vasilhas novas de barro, que descreveremos como o “assento do egum da adusù”. Se essa adosù que partiu tiver um grau elevado, ou se for o caso de ser o dirigente do terreiro, essas três vasilhas serão separadas para proceder, mais tarde, a seu “assentamento” junto ao Ilê-Ibó-Iku. Caso contrário, que é a maioria, as três vasilhas são colocadas envolta do circulo-ojubò. O sacerdote, que “preside” a cerimônia, invoca o morto, batendo três vezes no solo com um Isán novo, preparado com uma grossa tala de palmeira. Invoca-se para que ele venha apanhar seu “carrego”, para que leve e se separe para sempre do Igbé e do terreiro.
Insiste-se, e na terceira vez, o morto responde e simultaneamente tudo é quebrado e destruído, quebrado com Isán, rasgado vestimentas e colares. Os animais são imolados e colocados por cima dos objetos quebrados, onde se coloca parte das moedas que se esparramaram ao quebrar a cuia e os mariwôs que foram retirados dos punhos irão junto com os despojos do morto. Coloca-se por cima um punhado da terra com a areia e as três substâncias cores recolhidas oportunamente. Um grande carrego é preparado: É o erú e os sacerdotes levarão, no dia seguinte, a perigosa carga, especificado pelo oráculo para que Exú e Elerú disponham dele.
O egbé forma uma roda, cantam para os orixás, um xirê, onde NÃO SE CANTA PRA XANGÔ (ESTE ORIXÁ SÓ PODE SER LOUVADO APÓS O CARREGO, NO SÉTIMO DIA), e no final cantam mais duas “rezas” despedindo-se do morto, e ao final entoam:
Iku o! Iku o gbe ló o gbe, Didi k” o ju eKu o! Òdigbõse o!
Tradução: Oh! Morte, morte o levou consigo, ele partiu! Levantem-se! Dancem! Nós o saudamos, Adeus!
**Sétimo dia:
A - No sétimo dia, é o dia do arremate, pela manhã é posta uma mesa, no centro do barracão, onde todos os participantes vão compartilhar as refeições com o falecido. É colocado um alguidar e louças para o morto, à cabeceira da mesa, seu lugar destaque, onde lhe é servido as refeições. Embaixo da mesa, também ficam vasilhas e alguidares, para despejo do que “sobra” das refeições, que posteriormente farão parte do “carrego”. É servido ao morto e aos demais participantes o café da manhã e o almoço, depois que termina o almoço junta-se tudo o que sobrou e coloca-se no carrego, que está no Ilê-ibo-Iku,.
Ao entardecer, canta-se novamente o Padê de despedida enquanto os sacerdotes arrematam, (fecham) o carrego.
B – Um sacerdote previne o egbé que, após o Padê, em silêncio, esperava na sala. Todos levantan-se para a saída do Erù-Ikù, cobrindo-lhes o corpo novamente com o Ojá branco.
C – Todos os participantes esperam em silêncio o regresso dos sacerdotes que, ao chegarem, irão, em primeiro lugar, prestar contas de sua missão no Ilê-Ibó-Iku. Em seguida, virão à sala para comunicar o feliz término da missão.
D – Depois de despachado o “carrego”, cantam-se duas cantigas do axexê (para EXú e para Oyá) e, após, para os orixás (xirê), inclusive para XANGÔ (celebrando a vida), onde é “permitido” a “manifestação” dos orixás que pertencem ao axexê, principalmente no caso de ser o Axexê do Babalorixá ou Iyalorixá do terreiro.
E - Após o “Xirê”, empreende-se uma limpeza ritual do terreiro, com folhas e amacis especiais, afim de “VARRER” os passos do morto do terreiro. Todos os Ilês-Orixás, deverão, ser “sacudidos”, bem como todas as quartinhas despachadas. Ser for o axexê do fundador do terreiro, tudo deve ser lavado para retirada da “mão” ou axé;
F - O axé do Adoxu passou a integrar o Axé do terreiro, se a pessoa falecida for a Iyalaxé, deverá proceder, neste dia, a “retirada de mão” de todos os objetos, todos os Borís (cabeças), pela Iyalaxé substituta ( Iyá Kekerê). Durante este rito, ela pousará sua mão sobre o Orí de cada um dos membros do egbé, transferindo-lhes seu próprio Axé.
G – Após o sacudimento e retirada de mão, se for o caso, o terreiro permanecerá fechado ao público por um período pré-determinado pelo jogo, e, se for a morte do Babalorixá ou Iyalorixá, fica fechado para o público por um ano, porém as atividades internas continuam normalmente, respeitando algumas restrições de acordo com os “fundamento do terreiro” e da nação de origem ao qual o egbé pertence.
Uma cantiga entoada na terra Yoruba diz:
Ìyá Mi, axexê! Bà Mí, Axexê!
Olorùn um mi axexê o o! Ki ntoo bò Orìsà à é.
Tradução: Minha Mãe é minha origem! Meu Pai é Minha Origem!
Ólorùn é minha origem!
Consequentemente, adorarei minhas origens antes de qualquer outro orixá.
E no terreiro evoca-se: Gbogbo axexê tinu ara.
Tradução: Todos (conjunto dos) axexê no interior do nosso corpo...(do terreiro).
Observação importante!
Se o grau da adosù o permite, e se o oráculo consultado o confirmar uma vez preparado o carrego, o ibo (lugar de adoração) desta será preparado com três vasilhas novas de barro, no sexto dia de axexê.
Um àpèré especialmente preparado com uma combinação de folhas apropriadas, é diretamente colocado sobre a terra no Ilê-Ibo-Iku, no lugar em que será implantado o “assento” formado com os três recipientes; coloca-se junto uma quartinha nova com água e cobre-se tudo com um pano branco.
Cumprindo um ano de falecimento, uma oferenda especial é feita e a sacerdotisa (ou o sacerdote), passará a fazer parte dos mortos e ancestrais venerados no Ilê-Ibo-Iku, o axexê protetores do terreiro.
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